Quando a avareza se sobrepõe à partilha,
quando o egoísmo vence a solidariedade, quando interesses mesquinhos, a coberto
da promessa de um nacionalismo redentor, mobilizam o cidadão, só podia dar no
que deu. Quase 52% dos britânicos
decidiram-se pelo abandono da União Europeia (UE) e o chamado poder europeu
pode estar ferido de morte. Depois do Reino Unido, qua acabará por se
desagregar, outros Estados-membros vão querer regressar ao passado e, passo a
passo, acabará a própria União Europeia por se desmembrar.
Cada vez mais fica claro que
globalização e integração são eufesmismo de uma política de exploração
desenfreada de baixos salários e de aniquilação de direitos sociais que os
burocratas de Bruxelas vêm pondo em prática sobretudo desde o início dos anos
90 no interesse dos grandes poderes económicos e total desprezo pela vontade
popular expressa em votos.
Entre as muitas possíveis
consequências do Brexit está, sem dúvida, uma muito provável guinada à direita,
aglutinando gente que faz do nacionalismo, do populismo, do racismo e da xenofobia
o fermento das suas forças.
A União Europeia são centenas de
milhões de pessoas e não números simplesmente. Por mais que certos políticos e
burocratas da política invoquem a frieza de cifras em folhas excel não há projecto humanista que possa vingar, se não houver ética e respeito pela dignidade
humana. O lucro pode mover uma sociedade, mas não pode ser razão de tudo.
As políticas definidas por
Bruxelas são podiam dar no deu: Brexit! E outras saídas se prenunciam já. Se a
União Europeia ainda tem salvação, o que duvido muito, muita coisa vai ter de
mudar depressa, a começar no respeito pelo cidadão e pelo seu voto.
Sem comentários:
Enviar um comentário