segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Continência justifica e pede monumental assobiadela

Desporto e política nem sempre andaram de mãos dadas. A relação entre ambos ora hoje é pacífica como amanhã pode ser conflituosa.

Regra geral é a política que mais procura tirar proveito do fenómeno desportivo, pelo que não espanta que sejam quase sempre os governos quem primeiro se interessam e se dispõem a financiar e organizar os maiores acontecimentos desportivos como jogos olímpicos e campeonatos da Europa e do Mundos das mais diversas modalidades.

Contudo, dada a popularidade do futebol, o único fenómeno verdadeiramente globalizado, esse império ao qual todos se submetem e onde (por enquanto) os Estados Unidos não mandam, a ele todos se encostam, sempre que se trata de promover o que quer que seja: um produto, um homem, uma política, um regime, uma mensagem… E nem sempre pelos melhores motivos nem para os melhores propósitos.

Vem isto a propósito do França-Turquia de hoje, à noite, e da continência feita por vários jogadores turcos no final do jogo com a Albânia, no passado dia 11, em Istambul, e que terminou uma vitória turca por 1-0. O chefe de Imprensa da FIFA disse ao jornal L’ Équipe que o comportamento dos jogadores turcos será analisado em sede própria. Porém, até agora, não é conhecida qualquer tomada de posição. E, contudo, UEFA e FIFA trazem os árbitros bem instruídos para não tolerarem qualquer acção dos jogadores visando promover qualquer tipo de mensagem.

Não sabemos o que pretenderam os jogadores turcos com a continência, mas se ela representa apoio ao governo do presidente Erdogan e do seu governo, escolheram mal a causa. Não merece simpatia nem aplauso que apoia políticas repressivas e genocidas, como quem ataca o povo curdo com brutalidade cega sobre populações civis e tapa as orelhas para não ouvir os protestos da comunidade internacional.

Se a cena for repetida hoje, no Stade de France, em Paris, que todos aqueles que condenam tamanha agressão ao povo mártir curdo tenham coragem e descarreguem sobre eles uma monumental assobiadela! Nesse caso, eles devem ser encarados e tratados como membros de um exército inimigo. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A queda de quê?


E ei-lo que, de repente, aparece, com assinatura e foto, a anunciar a «queda do jornalismo». Se não estou errado, mais de trinta anos passaram desde que chegou ao meio, onde, afinal, nasceu e sempre se alimentou.

O texto pretende ser uma análise à realidade actual da Comunicação Social portuguesa, mas lê-se nele também muita frustração, desalento e sobretudo culpabilizações, as quais, no entender do autor do texto, justificam o insucesso. Desde logo, o polvo digital, cujos tentáculos impedem os outros de crescer. No entanto, esqueceu-se ele e outros como ele que andaram anos a fio a dar tudo de borla e parecem agora estar surpreendidos, quando verificam que, depois de terem tentado fechar a torneira, poucos tenham mostrado interesse em abri-la.

Esses foram também os anos em que atirando para fora da casa os que achava que tinham «privilégios e direitos adquiridos» e que aos novos, que «tiram espaço aos mais velhos», foi oferecendo contratos precários, aniquilando memória e experiência, ao mesmo tempo que, voluntária ou involuntariamente, incrementava a insegurança e o medo, vírus que afectam seriamente o jornalista e, claro, o órgão no qual trabalham. Enfim, contribuiu decisivamente para a quebra de qualidade e da credibilidade.

Queixa-se de predadores e até aponta nomes de alguns – Google, Facebook, Amazon. Pois é, sabe-se e já se sabia, há muito, que os gigantes do digital absorvem e reproduzem sem pagarem direitos pela informação que outros produzem. A queixa é justificada, mas que fez ele, ao longo dos anos, contra isso?

Curiosamente, sempre entendeu que os jornalistas da casa que administra não tinham os mesmos direitos que agora reivindica face à avidez das multinacionais da comunicação. No entender deste homem, o jornalista ideal é qualquer coisa do tipo Repórter MacGyver: escreve para edição papel, reproduz na edição online, faz uma peça para a TV e outra para a rádio (se também tivesse), tudo pelo preço de um salário, de preferência… mínimo.

O mundo digital veio, sem dúvida, alterar o panorama da Comunicação e da Informação mas não pode ser culpabilizado por tudo. Há erros próprios, alguns deles bem graves, mas sobre eles nem uma palavra. É preferível responsabilizar os outros: a Entidade Reguladora da Comunicação e a Autoridade da Concorrência. Já agora, por que não também a Autoridade para a Condições do Trabalho, da qual sempre fugiu como diabo da cruz.

Quem tanto contribuiu para a quebra da qualidade e da credibilidade de um órgão de informação como A BOLA não pode vir agora falar da «queda do jornalismo», mas sim da «queda de um jornal».

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Afinal como é com o sol na moleirinha?



Acabei de ver o noticiário das 17.45 do canal alemão RTL e, claro, a canícula que atinge a Europa central foi, naturalmente, tema de abertura e de reportagem em vários pontos da Alemanha, em alguns dos quais foram registados mais de 40 graus à…sombra. Ora, tendo presente que as construções – habitações e/ou empresas – são na sua esmagadora maioria pensadas e erigidas em função do Inverno – frio, chuva, neve – imagino o sofrimento. De tal modo que o partido Os Verdes já veio a terreiro pedir dispensa de trabalho na parte da tarde e sugerir negociações entre sindicatos e patrões. Os alemães sabem agora o que custa trabalhar sob a inclemência de um sol abrasador. Alemães, holandeses, belgas e até nórdicos… Só espero que é eliminem a partir de agora essa ideia feita de que nós, aqui no sul do continente, não passamos de preguiçosos, sempre à espera da… siesta. Afinal, como é? Agora já sabem o que é levar com sol em cheio na moleirinha?

Vem aí o futuro!

    O SNS vai melhorar, os médicos vão trabalhar menos e ganhar mais, os professores vão receber o atrasado, a TAP só vai dar lucro... O Pa...