quinta-feira, 28 de maio de 2015

Recordar a tragédia do Estádio Heysel (29 de Maio de 1985) no dia do escândalo de corrupção da FIFA

Depois da sociedade das argolas (Comité Olímpico Internacional), a bomba atingiu agora a da... bola (FIFA). A notícia correu o mundo como vertigem. Detenções de altos dirigentes e rusgas na sede da todas poderosa organização de direito privado que até impõe regras a governos, algumas das quais aplicadas, por vezes, como desrespeito e violação de direitos constitucionais. O tal império onde o sol nunca se põe e ao qual todos parecem querer subordinar-se, como dia Pascal Boniface.
Primeiro, o Ministério Público, depois o Suíço. Detidos estão, para já sete altos dirigentes – nas últimas horas, chegaram notícias falando de onze. Sejam quantos forem, as suspeitas são as mesmas: corrupção, tráfico de influências e lavagem de dinheiro. A ser verdade, um escândalo!
Em caso de confirmação, sobre os detidos, se forem extraditados para os Estados Unidos, como já foi pedido às autoridades suíças, os visados incorrem em penas de 20 anos de prisão.
Os investigadores dos Estados Unidos falam das práticas de que pretendem acusar os visados com pelo menos 24 anos de vida. Lá devem saber porquê. E não espanta, se nos lembrarmos do que aconteceu da candidatura aos Jogos Olímpicos de Inverno, em Salt Lake City (2002).
Porém, um acontecimento anterior – trágico, sem dúvida – que importa recordar. Desde logo, por respeito à memória das vítimas mortais – 37 – e das cerca de 400 pessoas que ficaram feridas: a final da Taça dos Campeões Europeus entre o Liverpool e a Juventudes, disputada no Estádio do Heysel, em Bruxelas, no dia 29 de Maio de 1985, faz portanto 30 anos na sexta-feira.
E porquê? Porque na origem dos confrontos está a venda de bilhetes no mercado negro a adeptos do clube italiano para uma zona do estádio, onde só deveriam estar belgas, por imposição das então precárias acções de protecção nos estádios, para funcionarem como tampão entre apoiantes dos dois clubes. Mas a realidade do estádio revelou uma fotografia bem diferente do desenho feito em papel pelos responsáveis da UEFA.
E como foi possível? Simples. Dirigentes e funcionários da UEFA fizeram os bilhetes destinados à referida zona chegar a mãos indevidas. Depois, foi o que se viu. Uma tragédia.
Muito foi corrigido nos estádios de futebol desde então, mas certas práticas ainda foram abolidas em certos gabinetes. E não se pense que só na moderna sede da FIFA, em Zurique... Ninguém se admire se outra bomba rebentar em Nyon... Quem nunca se esqueceu nem se esquecerá por certo dessa trágica final foi o actual presidente da UEFA, Michel Platini, então jogador da Juventus. E deve hoje saber porque se deram os confrontos naquele estádio.


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