sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A propósito de mais um aniversário

A BOLA faz hoje 71 anos. Por isso, comprei. Queria ver o que lá se diz sobre mais este aniversário. Além do editorial do Director, Vítor Serpa, quatro páginas. As centrais do jornal. Coisa pouca, digo eu. Sei que não é data redonda e sei que, qualquer um de nós, comum mortal, também não faz grande festa em todos os dias que completa mais um ano. Mesmo assim, tenho a certeza de que haveria mais para dizer.

Como diz o Miguel Cardoso Pereira (MCP), o rosto é importante, mas o corpo também o é – e de que maneira! - e esse, quer se queira, quer não, é o papel, a raiz que sustenta o grupo. O online já tem tronco, a televisão também, mas ainda frágil, capaz de tremer ao primeiro tufão que a atinja. Já as revistas e os suplementos diversos não têm passado de folhas. Caducas, como se tem visto. Infelizmente.

Mesmo assim, A BOLA resiste. Porque é uma instituição respeitada, uma instituição que chegou a ser apelidada de Bíblia, onde um dia entrei pelas mãos de um homem do teatro, o João Lourenço, e com apoio do Carlos Pinhão, primeiro, e do Homero Serpa, já no dia- a-dia, depois de o Chefe (Vítor Santos) me ter admitido. Sim, a palavra dele era uma sentença e fez com que também realizasse um sonho.

Hoje, estou de fora, vejo agora as coisas com algum distanciamento, mas não desapaixonadamente. Por isso, reconhecendo, naturalmente, a importância da geração jovem do jornal, para que ele possa continuar a ter futuro, não posso ignorar que A BOLA «sempre foi um jornal com História e com memória», como escreveu Vítor Serpa e, nesse sentido, custou-me ver que a nomes do presente, sobretudo àqueles que em toda a vida só vestiram uma camisola e cuja dedicação e entrega representam vigas e traves-mestras da casa, não tenha sido dado voz. Penso no Carlos Rias, no Rogério Azevedo, no António Simões, no Miguel Correia e não esqueço o Santos Neves, que embora também já fora da Redacção, foi um dos chefes da transição.

E, meu Caro MCP, porque enunciar nomes é sempre um risco, lamento que tenham ficado esquecidos outros do Porto e da Madeira, porque, como sabes, A BOLA não é só Lisboa, nem é só a Redacção. O sucesso, escreve Vítor Serpa, «foi, é e será conquistado por pessoas. Por pessoas, em carne e osso. Por pessoas, com conhecimento e saber».


A meu ver, todas são importantes. Umas mais do que outras, mas são. Contudo, deixam-no de o ser, quando outros olham para elas apenas como um número. Até em casa pequenas, como A BOLA. 

Aproveito para formular votos de longa vida a A BOLA. 

1 comentário:

  1. Grande texto, Morim. Não sabia que tinhas blogue e vou imediatamente adicioná-lo ao meu. Grande abraço e qualquer dia vou à Póvoa tomar um café contigo, para sorver aquele cheiro a mar, o mesmo mar que banha Leça, mas que é diferente na brisa, no sentimento. Abraço

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