Os atentados de 13 de Novembro de 2015, em Paris, foram em
parte, o último atentado contra um acontecimento desportivo: o jogo amigável entre
a França e Alemanha, ensombrado por várias explosões, que espalharam mortos e
feridos em redor do estádio. A França venceu (2-0), mas o resultado, neste
caso, é a coisa menos importante.
Até ao atentado contra a Maratona de Boston, no dia 15 de
Abril de 2013, que matou três pesssoas e fez ainda 264 feridos, só uma vez
tinha o desporto sido alvo de acção terrorista, esta nos Jogos Olímpicos de
Munique, no dia 5 de Setembro de 1972, e que vitimou 11 reféns israelitas, um
polícia alemão e cinco terroristas palestinianos.
Dada a popularidade do desporto, em geral, e do futebol, em
particular, pensava-se – ou assim se pensou pelo menos até fatídio dia 5 de
Abril de 2013, em Boston – que nunca mais uma acção terrorista seria
desencadeada contra um acontecimento desportivo. Sempre se pensou que o receio
de perda de simpatias e de apoios fizesse pender o prato da balança para o lado
da sensatez, na hora de decisão, permitindo que qualquer acontecimento
desportivo decorresse em paz e em festa, como deve ser.
Vivi, no Tour de 1996, a amarga experiência de sentir o medo
de um atentado. A competição tinha uma etapa que terminava, em Pamplona
(Espanha), terra-natal de Miguel Induráin, ao tempo a grande figura da Banesto
e do cilcismo mundial, e até ao dia da chegada, o director da prova, Jean-Marie
Leblanc, não fez outra coisa senão negociar com a ETA, que ameaçava com recurso
à bomba impedir a entrada do Tour na cidade. Felizmente, as negociações tiveram
êxito, mas não impediram que eu tivesse talvez o maior susto da minha vida,
quando um petardo explidiu a uns 500 metros do hotel onde dava entrada,
concluído o trabalho para o jornal.
Infelizmente, a sensatez não parece ser atributo de quem não
se importa de vitimar gente inocente. Os riscos existem agora ao dobrar da
esquina. Em França ou em qualquer outra parte do globo. Mesmo assim, olho para
o Europeu de França, que hoje começa, como oportunidade de mostrar ao mundo que
os povos não têm medo do terrorismo e formulo votos de paz e festa, mesmo
quando, como já se viu, na noite de quinta-feira, em Marselha, grupos de hooligans teimam em mostrar que o terrorismo
tem diversas facetas.
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