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Marcas de uma manhã de terror e horror |
Em Março de 2004, sem querer,
horrorizei uma camarada espanhola, com a notícia dos atentados de Madrid. Ela
estava numa reunião sindical na Hungria, o que eu desconhecia, e saiu da sala
para atender o meu telefonema, pensado tratar-se de um qualquer assunto do âmbito
da reunião, posto que tínhamos estado alguns anos no Comité Director da
Federação Europeia de Jornalistas.
Hoje,
de manhã, fui eu apanhado, pela notícia dos atentados de Bruxelas, quando
seguia para o aeroporto de Schoenefeld, em Berlim e, de novo, a raiva e a
consternação se apoderaram de mim, a par do receio de que algo pudesse visar
igualmente a capital alemã.
Uma
vez mais, dezenas de vítimas inocentes, milhares se juntarmos os actos
hediondos de Nova Iorque, de Londres, de Oslo, de Paris ou de Istambul, que
todos os amantes da democracia, da tolerância e da paz não podem deixar de
condenar.
Mas,
de novo, me vem também à memória as milhares de outras vítimas inocentes de
outros continentes causadas por quem despreza vidas humanas em nome de um
pretenso ideal, mas que, por nos serem distantes, parecem não causar a mesma
dor.
Sinto
a dor dos familiares de todas estas vítimas (as de ontem e as de hoje), sinto
com elas a mesma revolta, partilho da mesma raiva, mas continuo sem compreender
o porquê da menor importância que lhes é dada pelos órgãos de informação, como
se essas vidas humanas de países tão distantes, em África, no Médio Oriente, na
Ásia ou na América Latina, fossem menos importantes do que as da Europa ou dos
Estados Unidos da América.
E não
venham falar da lei da proximidade, que eu sou jornalista, e sei que não
explica tudo.
Uma
vida humana tem de continuar a valer o mesmo em qualquer parte do mundo.
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