Desporto e política nem sempre andaram de mãos dadas. A
relação entre ambos ora hoje é pacífica como amanhã pode ser conflituosa.
Regra geral é a política que mais procura tirar proveito do
fenómeno desportivo, pelo que não espanta que sejam quase sempre os governos
quem primeiro se interessam e se dispõem a financiar e organizar os maiores
acontecimentos desportivos como jogos olímpicos e campeonatos da Europa e do
Mundos das mais diversas modalidades.
Contudo, dada a popularidade do futebol, o único fenómeno
verdadeiramente globalizado, esse império ao qual todos se submetem e onde (por
enquanto) os Estados Unidos não mandam, a ele todos se encostam, sempre que se
trata de promover o que quer que seja: um produto, um homem, uma política, um
regime, uma mensagem… E nem sempre pelos melhores motivos nem para os melhores
propósitos.
Vem isto a propósito do França-Turquia de hoje, à noite, e
da continência feita por vários jogadores turcos no final do jogo com a
Albânia, no passado dia 11, em Istambul, e que terminou uma vitória turca por
1-0. O chefe de Imprensa da FIFA disse ao jornal L’ Équipe que o comportamento dos jogadores turcos será analisado
em sede própria. Porém, até agora, não é conhecida qualquer tomada de posição.
E, contudo, UEFA e FIFA trazem os árbitros bem instruídos para não tolerarem qualquer
acção dos jogadores visando promover qualquer tipo de mensagem.
Não sabemos o que pretenderam os jogadores turcos com a
continência, mas se ela representa apoio ao governo do presidente Erdogan e do
seu governo, escolheram mal a causa. Não merece simpatia nem aplauso que apoia
políticas repressivas e genocidas, como quem ataca o povo curdo com brutalidade
cega sobre populações civis e tapa as orelhas para não ouvir os protestos da
comunidade internacional.
Se a cena for repetida hoje, no Stade de France, em Paris, que todos aqueles que condenam tamanha
agressão ao povo mártir curdo tenham coragem e descarreguem sobre eles uma
monumental assobiadela! Nesse caso, eles devem ser encarados e tratados como
membros de um exército inimigo.
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